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Todos nós já ouvimos falar da figura de fiador nas operações de crédito e compreendemos claramente que esta figura não é mais do que um garantia adicional que beneficiará o banco no cumprimento de determinado crédito concedido a um seu cliente.

Qualquer pessoa pode ser fiador, desde que tenha situação financeira que o permita e não possua incidentes bancários. Nestes termos a figura de fiador popularizou-se e todos aceitavam e viam este ato como uma ajuda a um amigo ou familiar.

Todavia e na maioria dos casos ser fiador pode ser a pior decisão financeira que alguém pode tomar. Vejamos dois exemplos:

1º Exemplo:

Caso extremo: Devedor deixa de pagar e o fiador é chamado ao cumprimento da dívida.

2º Exemplo:

Maioria dos casos: Fiador demonstra que tudo é possível de ter, mesmo não existindo dinheiro para tal.

Reflexão

No primeiro exemplo, o caso mais extremo, ocorre o sentimento de arrependimento e de culpa por tal generosidade que compromete o património pessoal do fiador. Esta culpa é tão acentuada quanto a relação que possui com o devedor, pois se este não é familiar então ainda mais culpado se sentirá. Mesmo nos casos onde o devedor é familiar o fiador sente-se arrependido por não o ter alertado para os potenciais cenários que poderiam ocorrer.

O segundo exemplo, ocorre com maior frequência quando o devedor é familiar, como por exemplo um filho que decide comprar um carro. Nestes casos, o sinal passado pelos pais ao decidirem ser fiadores é exatamente que mesmo não havendo dinheiro é possível comprar o carro.

Este sinal compromete o futuro financeiro do filho pois este não saberá como efetuar esforços financeiros para adquirir o que deseja, deitando por terra, a gestão do orçamento familiar, a correta aplicação dos rendimentos obtidos, o planeamento de compras de valor considerável e todas as outras tarefas essenciais para um futuro com liberdade financeira.

Com isto não quero dizer que a responsabilidade de cumprimento da divida que o filho irá obter não seja um incentivo à gestão das finanças pessoais. Todavia, o facto de o filho saber que possui a proteção dos Pais poderá diminuir o peso dessa responsabilidade.

Por que Motivos os Bancos Solicitam um Fiador?

Tal como referido anteriormente a solicitação de um fiador surge como garantia adicional ao cumprimento das responsabilidades do devedor. Assim sendo, se o banco necessita de uma garantia adicional é porque não confia plenamente na capacidade do devedor em cumprir com o serviço da divida ou o risco que irá assumir é considerável para conceder tal financiamento sem garantia.

Mesmo quando existe compra de casa com recurso ao crédito habitação poderá ocorrer a solicitação de uma garantia adicional ao registo da hipoteca a favor do banco. Nestes casos é evidente que o banco acredita que a situação dos futuros devedores poderá-se alterar em desfavor dele e assim solicita o fiador.

Nestes termos, podemos generalizar e dizer logo à partida que a solicitação de um fiador ocorre porque existe risco de incumprimento por parte do devedor e deitar por terra o pensamento que ocorre na maioria das vezes, ou seja, “Ele (devedor) conhece-me e somos amigos logo não vai deixar de pagar”.

Por isso é que menciono que deverá pensar duas vezes antes de ser fiador.

Quais os Deveres do Fiador

  • O fiador entrega o seu património para garantir a divida do devedor
  • É obrigado a responder junto do credor em caso de incumprimento do devedor;
  • Só é responsável após o património do devedor ser usado – Muitas vezes não acontece…

Quais os Direitos do Fiador

  • Tem o direito de pedir ao devedor o dinheiro que usou para pagar a sua divida. Mas se o devedor não consegue cumprir com o banco também não conseguirá com o fiador…

Existem Mais Riscos em ser Fiador

Não nos podemos apenas restringir ao anteriormente identificado, pois o risco de ser fiador é bem maior na medida em que, o não cumprimento junto do banco por parte do devedor, na maioria das vezes, leva o fiador a situações de incumprimento sem que tal seja desejado.

Um exemplo é o facto de enquanto o fiador não é contactado para resolução da divida junto do banco a informação é reportada no mapa de responsabilidades do Banco de Portugal, que ao atualizar o relatório de risco de crédito do devedor com anotações de incidentes também o do fiador será atualizado com as mesmas notações.

Assim sendo, o fiador também verá o seu relatório de crédito com incumprimento, sendo assim penalizado e rotulado como cliente de incidentes bancários.

Sem Fiador Muitas Vezes Não Há Crédito. E então?

Poderei concordar em parte, todavia, a responsabilidade de pedir crédito pessoal junto dos bancos tem que evoluir para um outro patamar, sendo que, o potencial devedor deverá avaliar se possui capacidades para pedir crédito (por exemplo, ter uma taxa de esforço razoável). O entendimento é simples e resume-se a transmitir que não se pode ter tudo o que se quer e que é necessário esforço para o alcançar.

Os bancos avaliam todas as variáveis do devedor, desde a estabilidade no emprego, a capacidade financeira, a movimentação da conta à ordem, o nível de cumprimento com outros créditos, a utilização do cartão de crédito e dos cheques, o esforço máximo mensal, entre outros.

Os mesmos bancos, hoje, solicitam seguros com vista a diminuir o risco da operação sendo que, em muitos casos, a garantia prestada é mais do que suficiente para o financiamento.

Pensem comigo: Se o banco solicita seguro de vida, seguro de desemprego, contribuição para plano de poupança (hoje em dia muitas pessoas estão a resgatar o seu PPR para fazer face aos pagamentos), domiciliação de ordenado e seguro do bem adquirir, porque exige um fiador?

Foi Fiador e Está com Problemas?

Infelizmente, muitas pessoas foram fiadoras de amigos ou de familiares e estão atualmente com problemas sérios nas mãos. Foram chamados a pagar as dívidas de outras pessoas e o seu orçamento familiar já não comporta mais esta prestação. Estão com graves dificuldades financeiras tudo porque decidiram ser amigas…

Para estas pessoas, a alternativa de negociação com o banco é a mais viável. É preciso chegar a acordo com as várias entidades bancárias para conseguir reduzir prestações enquanto não conseguir resolver tudo com a pessoa a quem foi fiador. A redução de prestações irá “comprar algum tempo” e pode ser a diferença entre pagar ou não pagar.

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