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Ano novo, vida nova, diz o ditado. É nesta altura que, ainda que simbolicamente, repensamos a vida e os objectivos para os próximos 12 meses. No que toca a orçamento uma ideia clássica que nem sempre temos presente é que é sem medir é impossível gerir. Isto aplica-se a qualquer orçamento, passando por empresas, estados…até chegar à sua porta.

O que é que nos bloqueia?

‘O dinheiro voa’ ou ‘não percebo onde o gastei’ são duas queixas clássicas associadas ao dinheiro. Não admira, dado que, na época em que temos de lidar com a maior quantidade de informação da História, e conforme a nossa própria vida se complexifica, se torna impossível lidar com as finanças pessoais sem um mínimo planeamento.

O que nos faz deixar o dinheiro ‘evaporar-se’ é o nosso habitual andar ao sabor do vento e até o ‘esconder a cabeça na areia’, sem enfrentar os desafios.

O natural, em termos de comportamentais, é ficarmos agarrado a preconceitos e querer fugir de ideias aborrecidas, que dão muito trabalho, afastando-nos também de burocracias e de linguagem financeira ‘codificada’, que não dominamos. Mas se pensarmos que – com regras tão simples que qualquer criança conseguiria aplicar – no fim deste ano já poderemos fazer uma viagem, ajudar um filho com sessões de explicação ou renovar a casa…pensaremos duas vezes.

Como começar?

Com os dipositivos móveis e computadores (e folhas de cálculo) à disposição de boa parte da população, a tarefa é agora mais fácil e intuitiva quando comparada a andarmos carregados de blocos de notas (que esquecemos e deixamos vazios!). Deixou de haver desculpas para fixar os gastos diários – e até sincronizar contas bancárias nalgumas apps, se quiser – e partir depois para fazer um orçamento e cumprir metas.

Quais as etapas então?

Cada uma das parcelas do orçamento divide-se em duas:

  • Rendimento – Fixo e Variável;
  • Despesas – Essenciais e Desperdício.

Os dois tipos de despesas

Gostamos de classificar as duas despesas como sendo as despesas essenciais à nossa vida e todas as outras. Chamamos a “todas as outras” de desperdício de modo a criar um critério e chamar a atenção. Estas despesas serão aquelas que teremos de cortar em primeiro lugar para fazer face às despesas vitais.

Uma despesa essencial: a poupança

Ao fazer um orçamento familiar vamos encontrar muitos focos de corte de custos. Uma dica muito útil passa por considerar a poupança como uma das despesas fixas que temos todos os meses. Se o fizermos, com recurso a um programa de entregas programadas, aumentamos em muito a probabilidade de conseguirmos atingir os nossos objetivos. Poupar deve ser sempre com objectivos, sob pena de desistirmos.

Conforme for chegando às suas metas, mais vontade terá de manter o controlo do orçamento – e o gosto de vitória (!) – porque isso permite-lhe aplicar o dinheiro de modo a rentabilizá-lo. O seu dinheiro está a trabalhar para si: já não está a perder dinheiro e poder de compra.

O alvo é obter segurança, numa fase inicial, e muito mais liberdade no médio prazo.

Exemplos de Despesas

  • Como Essenciais – Renda da Casa, Agua, Luz, Gás, Alimentação, Transporte, Medicamentos e Educação. A estas acrescentamos ainda a poupança;
  • Como Desperdício serão consideradas todas as outras. Não são despesas erradas, mas antes despesas de que podemos dispensar para fazer face às despesas essenciais.

Como reunir tudo?

Para fazer o orçamento mensal deverá fazer a recolha exaustiva de todas as despesas que realizou ao longo do mês. A sua ferramenta deverá ser todas as faturas e comprovativos de pagamento. E atenção que durante 1 mês tem de ser mesmo tudo – até os cafés e as pastilhas elásticas.

Pode parecer absurdo, mas as estatísticas provam que ideias ‘arredondadas’ não servem à mudança. Como vai identificar uma despesa de mais de 40 euros só em café (para uma só pessoa da família, apenas bebendo 2 cafés por dia fora) e perceber se consegue cortá-la, parcialmente, levando um termo para o trabalho ou tomando o primeiro café em casa ou na empresa? Imagine que, desses 40, consegue poupar 20 euros para um objectivo indispensável, como ter um plano de saúde ou subscrever um PPR?

Em alternativa, tem vários tipos de software que lhe facilitam o trabalho (como exemplo as ferramentas de orçamento disponibilizadas por alguns bancos, ao permitir ligar automaticamente determinada transação com o seu fim imediato).

De que serve, na prática, tanto trabalho?

  • Identificar a sua situação atual;
  • Definir objetivos de poupança;
  • Questionar-se e identificar despesas passíveis de eliminação;
  • Planear os próximos meses.

Exemplos para cortar custos e poupar:

  • Comissões bancárias, escolhendo um banco que não cobre comissões;
  • Renegociar vários tipos de contratos (energia, seguros, telecomunicações, consolidar créditos, etc., uma vez que a banca mudou muito nos últimos anos e já oferece soluções muito competitivas – elimine a tendência conservadora a permanecer no mesmo banco e esteja atento às boas ofertas do mercado);
  • Prémios de seguros;
  • Custos com telecomunicações de pacotes que não utiliza;
  • Levar comida para o trabalho e cozinhar mais;
  • E tantos outros custos que não são mais do que desperdício.

Dicas a não esquecer:

  • quanto menor for o rendimento, maior necessidade há de fazer um orçamento com regras mais rigorosas;
  • o orçamento ajuda-nos a fazer escolhas, pois o dinheiro é escasso: assim, temos de optar por determinada despesa em detrimento de outra despesa (ou da poupança);
  • maior controlo e delimitação do consumo em níveis acordados por nós: o consumo é uma máquina cheia de armadilhas e cabe-nos aprender a resistir;
  • os estudos mostram-nos que as famílias que têm maior hábito de poupança são aquelas que vivem com ordenados mais reduzidos e que, como tal, tiveram que reajustar mais cedo os seus hábitos de consumo. As famílias com vencimentos mais elevados, acabam por ser aquelas que mais facilmente recorrem ao crédito, caindo em situações aflitivas de sobre-endividamento;
  • o orçamento familiar é a principal ferramenta de poupança e permite caminhar para a independência financeira;
  • esta ferramenta só trabalha com números concretos, os arredondamentos são inúteis;
  • o importante não é poupar valores avultados todos os meses, mas sim criar o hábito de poupar regularmente. Se ajudar, podemos utilizar a lógica dos 3P: pouco, possível e progressivo;
  • dinheiro poupado é dinheiro que rende juros e aumenta a sua qualidade de vida.

Em conclusão:

Uma caminhada de mil passos começa com o primeiro – e muitos de nós, na realidade privilegiada da Europa, estamos em condições de o dar. Siga esta estratégia e comece a mudar e a sentir, rapidamente, que, mesmo com rendimentos limitados, é possível melhorar. Bom ano!

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