Criar uma família é tudo menos uma tarefa fácil. Actualmente, os pais trabalham muito e passam menos tempo do que gostariam com os filhos. Muitas vezes é difícil deixar o cansaço de lado e dar a atenção que as crianças realmente precisam e merecem.
Paralelamente a tudo isto, as brincadeiras a correr e a saltar na rua com os amigos foram substituídas por uma vida mais sedentária e supostamente mais segura em casa a ver televisão ou a jogar em tablets e telemóveis.
Quando tudo isto é aliado ao facto de, em Portugal, pelas mais diversas circunstâncias, cada vez mais famílias terem apenas um filho, este cenário facilmente deu lugar a duas questões importantes muito debatidas na atualidade:
- O aumento da obesidade infantil, fruto da sedentarização crescente das crianças;
- A crescente solidão e dificuldade na comunicação familiar, resultado do uso cada vez maior dos telemóveis, tablets e afins.
Os gadgets e a televisão não são babysitters
Todos os pais querem o melhor para os seus filhos e aquilo que mais querem é vê-los felizes. No entanto, os pais enquanto adultos, têm de saber distinguir entre «entretenimento imediato» e felicidade.
Quando falamos em entretenimento imediato falamos em tempos (demasiado) longos a jogar ou a ver televisão. São criadas sensações de bem-estar e euforia nas crianças. As crianças estão sossegadas e os pais também.
Mas não podemos deixar de relembrar algumas das consequências tão negativas que o uso excessivo destas tecnologias pode ter: aumento da obesidade infantil e crescente isolamento a par de uma carência cada vez maior de competências sociais.
A força do exemplo
A utilização dos telemóveis, televisões, tablets e playstations podem ser feitos de forma salutar e equilibrada.
No entanto, tenha em atenção que os pais são os primeiros exemplos dos filhos. Não é conveniente que exija aos seus filhos que não estejam todo o dia agarrados ao telemóvel quando os próprios pais o fazem sem contenção. Para além de correr o risco de cair em descrédito, passa a mensagem de que «afinal não faz mal».
Crie regras e tenha atenção às excepções
Implementar regras é essencial para controlar o bom funcionamento e a boa utilização destes dispositivos.
Há quem restrinja a utilização aos fins de semana e ainda quem limite o seu uso a uma ou duas horas por dia. De qualquer forma, não existem fórmulas mágicas mas sim boas medidas adaptadas à realidade de casa família. Aconselhamos a que os pais cheguem juntos a um consenso acerca da melhor medida a adaptar no caso da sua família.
No entanto, não esqueça que todas as regras têm excepções. Em situações excepcionais, pode permitir a utilização pontual desse aparelho. Tenha só em atenção para que a excepção não se torne regra e assim o uso se torne descontrolado.
O seu filho não vai ser um infeliz se não jogar tanto…
Tendo todas as regras e horários de utilização bem definidos, torna-se importante dar alternativas para o tempo em que a criança não vai estar a jogar ou a ver televisão:
- Incentive as brincadeiras com brinquedos, com desenhos ou pinturas e com a leitura de livros. Desta forma, está a colaborar com um desenvolvimento cognitivo mais completo do seu filho já que, no que aos tablets e televisões diz respeito, estes criam todo o imaginário pelas crianças, não permitindo que sejam as próprias a desenvolver essa capacidade de construção da imaginação;
- Aproveite para aumentar o tempo que passa com os seus filhos: leve-os a passear em jardins, a andar de bicicleta ou de patins, ou faça brincadeiras com ele em casa. O tempo é escasso, mas com alguma organização conseguirá fazer o seu filho mais feliz que nunca ao dar-lhe o seu tempo e a sua companhia. Por quinze minutos que sejam…
Muitas vezes, na correria do dia-a-dia, pode sentir que não tem tempo a perder e que «no nosso caso isto não acontece». Mas no fundo, poderá ter alguma consciência que às vezes é mesmo preciso mudar comportamentos e atitudes.
Se assim for, comece já a pensar em estratégias para acabar com os excessos dos aparelhos eletrónicos em sua casa porque acabam por prejudicar não só a criança, mas também as próprias relações familiares.