Desengane-se quem achar que The Last Dance, documentário sobre a carreira de Michael Jordan e dos Chicago Bulls nos anos 90, é uma série Netflix (apenas) sobre basquetebol. Na realidade, o que está em jogo, vai além do próprio jogo. O legado é uma – ou várias – lições sobre liderança.
A lição de um Pai
Chega a ser comovente a relação entre MJ e o seu pai. A presença constante do mesmo nos seus jogos revela que, para além de o apreciar, MJ precisa confiança que este lhe transmite. Também é significativa a forma como, após a morte trágica do pai, reencontra no seu chefe de segurança uma importante figura paternal. Dá que pensar: é que até o melhor do mundo precisa da figura de um pai. Alguém que, antes de nós mesmos, acredita em nós, acima de tudo e todos. Parece ser algo que nos constrói por dentro e nos impregna de resiliência e autoestima.
A lição da (auto) motivação
Se dúvidas existissem, a carreira de MJ deixa claro – preto no branco – a verdadeira motivação vem do interior de cada um. Reinventa-se a cada momento e a cada dificuldade no caminho. Claro está, uma boa equipa, um bom treinador, adversários à altura, tudo isso ajuda, ajuda muito até. Não obstante, mais além de tudo isso, existe aquilo em que que escolho acreditar, pelo qual decido lutar até ao fim. A motivação como algo que construo a cada dia, com iguais doses de criatividade e de persistência.
A lição do Coach
A figura do Phil Jackson, tal como está retratada na série, gera – de forma muito espontânea e natural – simpatia e admiração. Por vezes, até por oposição ao próprio MJ, cuja constante pressão sobre os seus colegas de equipa, parece não conhecer limites. A prática de Phil Jackson parece sedimentar-se na aceitação da singularidade de cada, como contributo único e insubstituível para o funcionamento do todo. Ao contrário daquela imagem típica de alguns treinadores, este coach parece não desejar ocupar o espaço de quem verdadeiramente lidera, pelo contrário, através de técnicas criativas, o coach promove e facilita o jogo de cada um, confiando profundamente no funcionamento sistémico do conjunto.
A lição da equipa
Um bom jogador não faz uma boa equipa, já o sabíamos. Esta lição está presente em cada momento da série. O papel fulcral da diferença e como esta poderá contribuir para melhores resultados. Esta constatação encontra-se patente no “sistema dos triângulos ofensivos” que parte da premissa básica que, para o jogo funcionar, os jogadores não se devem centrar-se unicamente em si e devem passar a bola. Evidência que ultrapassa o campo do jogo e que urge implementar para o melhor funcionamento de qualquer trabalho em equipa. Promove a abundância e substitui a cultura, infelizmente ainda tão dominante, da escassez.
A lição da “manobra de diversão”
O mundo fica em suspenso quando, o melhor jogador do mundo de basquetebol decide retirar-se de cena e tentar a sua sorte no basebol, após a morte do seu pai. Sublinha-se a pressão que MJ estava a sentir nos últimos tempos, prévios a esta decisão. Após esta experiência, regressa renovado. Às vezes, para conseguir persistir no nosso objetivo e alcançar as nossas metas, tempos de redefinir as nossas estratégias, aliviar a pressão de determinadas áreas, distanciar-nos. Assim é no jogo e assim parece ser, também, na vida.
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