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Portugal tornou-se um país de proprietários. Talvez não por opção, mas antes por necessidade. Como sabemos, a decisão de compra de um imóvel para habitação foi sempre marcada pela comparação entre a prestação do crédito habitação e o valor que pagamos ao senhorio. Pela positiva, o valor da prestação bancário foi sendo reduzido. Pela negativa, o valor das rendas foi sendo crescente, ao ponto de hoje em dia não existirem rendas ajustadas ao rendimento disponível das famílias.

Nos últimos anos assistimos a uma tentativa de reabilitar o mercado de arrendamento, com alterações às leis e com um equilíbrio um pouco maior entre o investidor proprietário e o arrendatário. Alguns imóveis voltaram ao mercado e outros tantos foram desviados para outro tipo de arrendamento, como sendo o arrendamento de curta duração. Muitas famílias beneficiaram e viram aqui uma oportunidade de compor os seus orçamentos familiares. Os investidores adaptaram-se e confiaram. Talvez ingenuamente tenham pensado que poderiam ter alguma estabilidade. Acontece que por cá os nossos parlamentares, para mostrar serviço e para marcar posição, criam novas leis e revogam leis antigas a um ritmo vertiginoso. Se é legítima e nobre a intenção de proteger os inquilinos é também perigoso pois pode eliminar os incentivos ao arrendamento. E se o risco aumenta, o preço sobe… o mesmo é dizer que as casas saem do mercado e as casas que ficam têm uma grande subida de rendas.

Para termos uma economia sustentável temos de acautelar os interesses de todas as partes envolvidas. Temos de parar de considerar que os empresários e investidores são desonestos e que o lucro é errado. E temos de meter nas nossas cabeças de que precisamos todos uns dos outros. Precisamos de confiança. Precisamos de estabilidade, especialmente quando falamos de investimentos de longo prazo. Esquecermos isso é darmos um tiro no pé, para prejuízo de todas as pessoas. E já agora, já pensamos o que acontecerá quando as taxas de juro começarem a subir?

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